quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Operação de compra da CCE pela Lenovo pode chegar a R$700 mi


A chinesa Lenovo anunciou nesta quarta-feira a compra da CCE, numa operação que pode alcançar R$ 700 milhões e que está inserida em estratégia para tomar da Positivo Informática a liderança do mercado brasileiro de computadores pessoais nos próximos três anos.
O valor base da aquisição é de R$ 300 milhões, sujeito a ajustes. O cumprimento de alguns indicadores de desempenho pela CCE até 2016 podem aumentar o valor da transação em até R$ 400 milhões.
"O Brasil é o terceiro maior mercado de PCs do mundo e é o único país dos BRICs em que a Lenovo não está entre as três principais empresas", disse a jornalistas o presidente-executivo da companhia chinesa, Yang Yuanqing.
A Lenovo é a segunda maior fabricante mundial de PCs, atrás apenas da norte-americana HP, e deu um grande salto nesse segmento ao comprar a divisão de computadores da IBM em 2005.
De acordo com Yang, a Lenovo vai dobrar sua participação no mercado de PCs no Brasil com a CCE para 7%, saindo da sétima para a terceira posição.
"Podemos crescer fortemente no Brasil... Este ano acabamos de dobrar nossa participação e estou confiante que podemos continuar fazendo isso e obter a liderança em três anos", disse o presidente da Lenovo no Brasil, Dan Stone.
Para conseguir a liderança, a Lenovo terá que elevar sua participação para acima dos cerca de 15% detidos pela Positivo Informática, que tem como estratégia de diversificar receitas para além de computadores, lançando tablets em 2011 e anunciando entrada no segmento de celulares inteligentes nesta semana.
Perguntado se a nova empresa no Brasil se lançará numa ofensiva agressiva de preços de seus produtos, Stone afirmou que a Lenovo "não acredita em compra de participação de mercado".
"Temos uma operação muito eficiente. As pessoas gastaram muito dinheiro tentando comprar participação de mercado no passado e isso não é sustentável. Queremos criar um negócio sustentável e de longo prazo no Brasil", afirmou o executivo à Reuters.
Segundo ele, a Lenovo terá ganhos de escala e sinergias com a CCE e ampliará sua linha de produtos, que terá desde celulares inteligentes, tablets e televisores voltados a usuários domésticos a computadores para grandes empresas. Atualmente, a Lenovo oferece apenas três modelos de notebooks e três desktops no mercado brasileiro.
Um dos frutos da união das empresas, exibido por Stone, é um notebook com tela que pode ser totalmente dobrada, transformando a máquina em um tablet equipado com o futuro sistema operacional Windows 8, a ser lançado pela Microsoft no fim deste semestre.
Investimento em pesquisa
O executivo evitou comentar números de investimentos na operação brasileira, mas informou que a Lenovo destinará US$ 100 milhões em pesquisa e desenvolvimento no país nos próximos cinco anos.
Os recursos serão usados em processos e novos produtos, enquanto a Lenovo desenvolve sua estratégia de tornar o Brasil um centro de produção na América Latina, podendo exportar para outros mercados da região. A Lenovo tem fábricas no México e na Argentina.
A CCE é controlada pela Digibras, fundada em 1964. A companhia tem sete fábricas no polo industrial de Manaus e em São Paulo, cerca de 6 mil funcionários e faturou R$ 1,6 bilhão em 2011. A CCE produziu no ano passado 774 mil PCs e expectativa para este ano é de 887 mil unidades.
Segundo o Morgan Stanley, a Lenovo está perto de atingir o equilíbrio financeiro em mercados emergentes, mas o Brasil é a região onde a maior parte de suas perdas ocorrem, principalmente por causa de altas taxas de importação e fraca rede de distribuição de produtos, que com a aquisição da CCE será ampliada em 20 mil pontos no país.
A compra da CCE ocorre após a Lenovo ter investido US$ 30 milhões em uma fábrica em Itu (SP) e feito uma oferta pela Positivo em 2008 que foi recusada pelos controladores da empresa.
Mercado em expansão
A Lenovo afirma que o mercado brasileiro de PCs, smartphones, tablets e de televisores inteligentes (SmartTv) é avaliado em US$ 124 bilhões . A fatia de PCs equivale a US$ 55,5 bilhões, com crescimento anual entre 2012 e 2016 estimado em 12%. Enquanto isso, o mercado de smartphones brasileiros corresponde a US$ 48 bilhões.
Segundo a Lenovo, a equipe de administração da CCE, comandada pelo fundador Roberto Sverner, será mantida, bem como a marca. A empresa chinesa não vê necessidade de demissões apesar da complementaridade dos negócios das duas companhias.
As ações da Lenovo encerraram em queda de 7,5% nesta quarta-feira na Bolsa de Hong Kong, depois que a japonesa NEC vendeu toda a sua participação na companhia chinesa por cerca de US$ 230 milhões.
FONTE: TERRA

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