segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Comentário a “Estudantes de faculdade aprendem pouco”

Por Álvaro Vinícius

O problema se dissocia em dois eixos:

Primeiro:

A metodologia de ensino nas universidades e faculdades ainda é "Escolástica": há somente a preocupação do estudante reproduzir mecanicamente as informações, muito semelhante ao período medieval. No século XVIII, Carl Fridrich Gauss - um dos maiores matemáticos e criador da Geometria Diferencial - aos 10 anos, segundo algumas histórias conjectuais, realizou a soma dos números de 1 a 100 com apenas (n + 1).n/2. Na época, os alunos eram obrigados, nessa série escolar, somar número por número até chegar a 100, semelhante ao problema da lesma que deve subir um poste de 10 metros de altura por meio do ato missionário de subir 2m durante o dia e à noite descer 1m. Como disse Mark Twain "a história não se repete, mas rima", observa-se que tal fato do século XVIII ainda encontra rimas - homofonias externas tratadas como psicofonias para efeito de “rebeldia estudantil”. Desconsiderando contra-argumentações parapsicológicas a respeito do senso crítico, é notório, portanto, o establishment de um processo protocolar o qual estimula praticamente NADA do pensamento crítico. Muitos professores e pedagogos falam em ser "crítico", porém a forma de ser crítico que eles propagam é um modelo muito IMATURO que se resume em : "O que é?","Como funciona?" e "Para que serve?". Numa perspectiva de Ivan Pavlov, na sua experiência com cães, notamos uma correspondência - talvez metafórica - da maneira como os alunos aprendem, pois é explícito o modelo passivo da aprendizagem. Do ponto de vista da neurociência, o aprendizado não se dá por meio de "decorebas" e anotações lineares. A estrutura neural flexibiliza-se mediante associações por imagens, devido ao processamento distribuído e paralelo no cérebro. Analogamente, o cérebro se comporta como uma "orquestra" e não como uma "lousa" prestes a receber frases e mais frases, ou equações e mais equações anotadas linearmente. Quanto à capacidade argumentativa, é triste notar o elogio a argumentos de uma retórica prolixa e sedutora. A partir disso, cria-se o culto a discursos vazios baseados mais em estruturas proposicionais enunciativas do que uma lógica surpreendente sob articulações claras, coerentes e coesas, com total ligação ao nosso contexto. Doravante, a ressonância estocástica - eufemismo de "bagunça educacional"- provocará ainda os efeitos drásticos na educação e, consequentemente, na configuração de nossa sociedade. O Brasil ainda lidera na "bagunça educacional". É só notar o número de analfabetos ainda e outros aspectos correlatos. E dentro de tudo isso, existe um alinhamento burocrático que funciona como barreira para quase tudo no país, inclusive em "pesquisas científicas"(?) nas universidades.

Segundo:

O fascínio infantil pelo esoterismo "universidade" pode romper com o pensamento crítico e criador. Acredito que ser crítico é algo útil para todos os domínios, não só no estudo acadêmico.

Para finalizar, o vídeo do professor Newton Costa sobre a "Finalidade do Ensino".

http://www.youtube.com/watch?v=PxBXq9vdrpM

Newton Costa é co-autor da Lógica Paraconsistente.

Frase dele nessa palestra:

"A finalidade do ensino não é escrever na lousa só o que o cara tá entendendo. É pegar vcs e socar. Quando eu ouço um cara dizendo uma coisa dessa dá vontade de dar um murro. Essa besta não sabe o que é um professor. O professor dirige o aprendizado. É isso. Se vocês não tão entendendo o que eu estou dizendo, vão pro inferno, vão pra casa e estudem, seus vagabundos" xD

5 comentários:

Eduardo disse...

Que novidade …

A “preocupação” é a quantidade, e não a qualidade dos cursos superiores, seja para extorquir dinheiro através de mensalidades hediondas, seja para abafar a pressão social por criação de cursos gratuitos.

Junta-se a isso o fato das pessoas estudarem apenas tendo em vista um diploma que lhes assegurará melhor salário, nunca por amor ao conhecimento.

Em suma, tem-se um manancial de profissionais pessimamente qualificados.

Braziu .. ziu .. ziu .. ziu … ziu.

criancinha disse...

O importante não é necessariamente saber uma resposta, mas sim saber pensar, saber perguntar.

Anônimo disse...

Respeito a pesquisa realizada, embora acredito que falar de aprendizagens de seres humanos, é sempre relativo. É preciso levar em conta que cada sujeito possui um nível de maturação intelectual e crítica próprio, portanto não cabe dizer falar de evolução acadêmica significativa, em termos gerais. De qualquer forma, é interessantíssima a pesquisa dos sociólogos.

coltpanzerfaust disse...

Segundo um novo estudo, apesar de cada vez mais as pessoas terem acesso ao ensino superior, elas não aprendem muito nos anos acadêmicos.

No fim do ano de calouro, por exemplo, 45% dos estudantes não mostram nenhuma melhora em sua capacidade de pensamento crítico, sua habilidade de escrita ou sua capacidade argumentativa.”

e desde quando alguma escola tem na grade de ensino materias sobre pensamento critico, melhora de vocabulario e cmpreensão linguistica, e tambem aconsciencia para qualidade argumentativa? horas a escola publica por exemplo, apenas te prepara no nivel basico. não somos ensinados a ser pessoas melhores, a ser questionadores, a ser revolucionarios, a ser lutadores, somo condicionados a ser ovelhas, a ser medianos, a ser o que nosso pais querem para nós e principalmente a maior pressão social é sobre o seu status profissional e seu salario. quantas pessoas mesquinhas e de temperamento nojento são admirados apenas por sua conta bancaria ou por seu alto cargo numa empresa? porque as pessoas estudam? para desenvolver sua inteligencia ou para seguir os moldes padroniuzados de uma sociedade capitalista e opressora?

por exemplo quantos aprenderam inglês porque acham a lingua bonita ou expressiva? acho que quase ninguem, as pessoas aprendem ingles porque o mercado pede, porque sem noções de ingles não há grandes chances de trabalho, e sem trabalho não há dinheiro ou status…

o estudo em universidades e faculdades segue esta logica, eles sabem que não estão ali para formar pessoas melhores, o proposito deles é apenas dar conhecimento sobre a profissão, e a maioria apenas escolhe as profissões do “papai ou da mamãe” porque é mais facil ser dentista quando sua mãe tem um consultorio, ou um advogado quando o pai tem um escritorio de advocacia.pois já está enraizado na segurança de que se seguir o caminho dos pais será bem sucedido financeiramente.
porém onde fica a evolução moral e filosofica do homem?
será que ele consegue tempo para se dedicar a algo mais que proposito materialistas e egocentricos?

Álvaro Vinícius disse...

Retificações a prováveis intepretações apressadas e distorcidas:

Não houve nenhum tom dogmático quanto ao funcionamento do cérebro ou da interação mente-cérebro à luz da aprendizagem. Além disso, a sociologia, a psicologia e a antropologia tratam de maneira imaterial todo o arcabouço teórico, isto é, partem dos efeitos externos em busca das causas (internas). Obviamente que a psicologia é algo bastante flexível, a ponto de criar vertentes muito distantes.A priori, não são antagônicas tais vertentes - Sigmund Freud e Carl Gustav Jung,por exemplo -todavia são complementares. Já a neurociência (combinação de várias áreas do conhecimento como neurologia, semiótica e conhecimentos de engenharia),tenta usar a investigação empírica para obter resultados mais "confiáveis".

Para o trecho "e desde quando alguma escola tem na grade de ensino materias sobre pensamento critico, melhora de vocabulário e cmpreensão linguistica, e tambem aconsciencia para qualidade argumentativa?"
Veja: ( grade de ensino) refere-se à maneira dogmática de encarar a Educação, como algo mágico que vai lhe dá "todas as habilidades possíveis numa dada matéria". Apenas afirmei, por vias das dúvidas, a importância do desenvolvimento do senso crítico, algo que fica apenas nas discussões estéreis de acadêmicos ou pseudo-acadêmicos,ou pseudo-intelectuais sob a parafrenia da retórica romântica. Acredito que o desenvolvimento do pensamento crítico, profundo e sofisticado é a combinação sinérgica de várias disciplinas sob o vetor "consciência-inteligência". É preciso um projeto de nação, e não de poder. Um projeto de nação pelo qual todos os brasileiros possam atingir seu potencial e sua função almejada. Enquanto ficarmos tocando de forma tímida a superfície hiper-fractal do conhecimento, achando que as coisas são muito evidentes, estaremos deixando ao vento problemas de várias esferas, como a cura de certas doenças, a soberania de nosso potencial natural e humano.
Em caso de dúvidas, existem centenas de sociedades de alto QI(Glia Society, Sigma Society, Logic Society, etc) no mundo com trabalhos expressivos acerca da aprendizagem, assim como muitos neurocientistas (Antonio Damasio, Miguel Nicolelis, etc ) e outros grandes pensadores como Paulo Freire e Jean Piaget.
A república de Platão, Francis Galton, Charles Darwin acessorariam a pesquisa também.

Tenho o projeto de um livro e publicação de vários artigos: Psicologia, Física, Astronomia, Música (http://www.youtube.com/user/AlvaroViniangell), filosofia, etc.
Minha formação acadêmica é engenharia, mas tenho múltiplos interesses e trabalho como autodidata. Mesmo que a escola , na concepção de algumas pessoas esteja nem aí com a formação de um senso crítico requintado, fico submetido ao um processo ad infinitum de aprimoramento.
Abraço a todos!

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